Durante a história da humanidade um verdadeiro laboratório se desenvolveu. Ilhas isoladas no pacífico mostraram que o desenvolvimento da capacidade humana foi muito desigual. Enquanto em certos lugares os humanos tinham habilidades técnicas complexas e um esquema social muito elaborado, em outros um estilo primitivo de ser humano ficava à mercê do domínio posterior pelos mais apressados na evolução.
Hoje, quando pensamos em “ser humano”, vem à mente um tipo de ser mais desenvolvido, onde todos têm a mesma capacidade, inteligência e comportamento. Entretanto, a história evolutiva conta uma versão diferente. Um dos choques mais impressionantes entre duas civilizações foi no encontro entre Europeus e nativos Americanos. O Imperador Inca Atahualpa liderava um exército de 80 mil soldados em seu terreno. Estes dominavam cada detalhe de sua região, além de contar com um exército organizado. Francisco Pizarro, um conquistador espanhol recém-chegado nas Américas, não conhecia o terreno onde pisava e liderava um grupo de míseros 168 soldados espanhóis.
Pizarro conseguiu capturar o líder Inca Atahualpa, considerado o deus Sol, mantendo-o como prisioneiro por 8 meses em uma batalha com mais de 7.000 nativos mortos e poucos espanhóis feridos. Esse resultado completamente improvável e inesperado se deu por vários motivos: o sucesso pode ser relacionado à posse de cavalos, tecnologia militar como armas e aço, espadas, doenças endêmicas, organização política e a escrita. Em quê teria a escrita ajudado os Europeus a dominarem o novo mundo das Américas?
O domínio da escrita fez dos espanhóis conhecedores do comportamento humano e da história. Eles podiam agir de forma estratégica, prever, blefar, enganar, iludir, agir pensando como surpreender e até se preparar para inúmeras respostas do oponente, em suma, sabiam o repertório de conhecimentos da época. Nesta batalha descrita com detalhes no livro “Armas, Germes e Aço” de Jared Diamond, Pizarro foi extremamente calculista: após conseguir uma imensa quantidade de ouro pelo resgate de Atahualpa, acaba por descumprir sua promessa e executa Atahualpa após seus 8 meses de cativeiro.
Tantos erros e ciladas enfrentadas pelos nativos dessa época aconteceram pela falta de conhecimento, ingenuidade sobre a atualidade humana da época, tipo de comportamento, psicologia e história. Hoje, superamos qualquer possibilidade de tamanha ingenuidade de Atahualpa graças à internet, porém, ainda vivemos uma falta de capacidade crítica nas informações, talvez assim como o rei Inca, pessoas que leem pouco, com escassez de conhecimentos gerais, não têm nenhum embasamento para definir qual informação considerar entre tantas que nos atingem o dia todo na velocidade da luz.