Será que olhar para dentro e se aceitar é muito mais digno do que gastar rios de dinheiro em cremes, cirurgias, horas na academia, buscando um belíssimo glúteo, os melhores vestidos para exibir a silhueta aos pobre mortais?
Porque temos uma necessidade de olhar no espelho e mudar algo? Há muitos anos atrás, as evidências nos mostram que os nômades não davam importância as faces. Reconhecer faces humanas era uma tarefa não muito requisitada uma vez que andávamos em pequenos grupos. Até 25000 anos não temos indícios de gravuras ou pinturas de faces. Porém existem pinturas dentro de cavernas que nos mostram a habilidade de um desenho que causou a admiração e reflexão de Pablo Picasso. Os homens desta época tinham tamanha destreza que os desenho de animais, provavelmente para cultos xamânicos eram bem detalhados. Facilmente um rosto humano poderia ser feito. Isso nos faz pensar que a estética em relação aos nossos rostos e corpos foi algo construído. Será que um macaco escolhe sua parceira por ter pelos bonitos? Pernas musculosas?
Apenas com inicio das civilizações de 10 a 5.000 anos, temos registro do interesse nas faces humanas. Foi uma conquista de um degrau por vez. Quando perdemos os focinhos, aprimoramos nossos olhos e perdemos os pelos no rosto demos mais importância aos rostos sua estética. O focinho e os olhos, como veremos mais a frente, foram mudanças que surgiram com um novo estilo de vida. Uma alimentação diferenciada, com aumento do consumo de raízes, frutas e pequenos animais e uma melhora da coordenação motora, com a ajuda das mãos para nos alimentar. Mas a mudança nos pelos provavelmente foi uma escolha puramente estética. Eram escolhidos os seres que tinham menos pelo no rosto. E assim o filtro da estética contribuiu para a evolução. E certamente nos outros animais isso ocorre em maior ou menor grau.
O Sexo e seus desejos, assim como o que lhe atrai, fazem parte de uma evolução e trazem claramente uma trajetória em rumo á complexidade. Pouco podemos saber sobre a trajetória dos desejos nos animais e o papel da beleza, da estética e atração sexual. Como escreveu em seu livro Thomas Nagel, “como é ser um morcego”? Jamais saberemos como é ser um morcego sem ser. Por isso não sabemos ao certo qual o salto que demos nas escolhas sexuais em relação aos gorilas, inúmeras sociedades humanas podem ter um comportamento tão animal em relação ao sexo. É muito possível que o sexo seja um filtro também da nossa própria evolução. Ter desejos com determinados indivíduos, almejar um corpo, sentir tesão em determinada beleza ou comportamento traz uma utilidade no filtro evolutivo. Ainda não temos um consenso na ciência sobre a estética. Seria realmente o que achamos bonito melhor para nossa evolução? Um sinal de vigor? Saúde? Ou uma ilusão para embaralhar mais nossos genes? Quanto maior o ornamento, maior a amostra de que o ser é um merecedor de um bom sexo e deixar os genes de campeão? A idéia de Darwin de que os animais podem fazer analises sensoriais e escolher seus parceiros é cada vez mais aceita. Darwin apresentou a hipótese de que a autonomia sexual feminina ou das fêmeas, foi um a força de transformação evolutiva na historia da vida.
Ou seja a beleza provavelmente existe muito antes dos seres humanos, provavelmente no mundo das aves o espetáculo de cores e cantos é um dos exemplos disso. Estar bem com o espelho, ter traços agradáveis e equilibrados, esta longe de ser algo supérfluo que o homem inventou. É certo que chegamos onde muitos jamais pisarão. Os limites da imaginação e da cultura humana inexistem. Se você se sente bem com o espelho e nada lhe incomoda, maravilhoso, mas jamais julgue alguém que se dedica para sua beleza. O valor de se sentir bem e poderoso com seu templo depende de cada um de nós. Você jamais irá sentir o que o outro sente.
コメント